terça-feira, 22 de janeiro de 2013



Ave ó Maria imaculada de estrelas coroada, Vosso coração sobre o mundo reinará!
Ave lírio de Líbana pureza! Ave mãe da infinita grandeza rainha virginal!
Concedestes-vos o verbo encarnado, e de vós nasceu o rei esperado.
Maravilha sem igual! Ave ó Maria imaculada de estrelas coroada,
Vosso coração sobre o mundo reinará! Ave virgem poderosa e terrível,
Contra as trevas sois na luta invencível. Universo dominais!
Vosso nome é um brado de guerra, despeçais o mal da face 
da terra e as potencias infernais.
Ave ó Maria imaculada de estrelas coroada, Vosso coração 
sobre o mundo reinará!
Quando veio o mensageiro celeste, Vós, sem dúvida, a ele dissestes:
Eis a escrava do senhor!
Concedei-nos, pois um dom inefável: Ser escravos vossos, mãe admirável. 
E viver de vosso amor!
Ave ó Maria imaculada de estrelas coroada, Vosso coração sobre o mundo reinará!
Soberana de insondável clemência restaurai em nós a santa inocência.
Oh sacrário de Jesus! E na hora da mortal agonia,
Recebei-nos, doce virgem Maria, na mansão da eterna luz.
Ave ó Maria imaculada de estrelas coroada,
Vosso coração sobre o mundo reinará!
Dos aflitos sois a consoladora.
Dos errantes, guia e protetora. Esperamos sempre em vós!
Nunca foi por vós, alguém desprezado, se confiante
Houver-nos suplicado.
Minha mãe rogai por nós!

domingo, 20 de janeiro de 2013

O bom Acólito é aquele que torna a Eucaristia num ato digno de louvor mas sem se louvar por isso, ou seja, ele tem que ter sempre como seu principal objetivo a entrega total ao serviço a Deus e não o propósito de se exibir ou esperar algo em troca. O bom acólito é aquele que compartilha com o cristo a felicidade de viver, aquele que louva, que as vezes é exagerado por amor, mas que sabe parar e escultar quando preciso for, o verdadeiro acólito é aquele que sempre se põe humildemente a serviço de Deus nos seus santos, padres e leigos e como um dia falou o Beato João Paulo II PP. : Servos dos servos de Deus!

sábado, 5 de janeiro de 2013

Funções Litúrgicas: O Cerimoniário


Se me pedissem para definir o cerimoniário em poucas palavras, diria que é aquele que é discreto e se antecipa às ocasiões.
Veremos adiante que estas são características das mais principais de um bom cerimoniário, mas que possui ainda outras qualidades.
discrição deve ser uma qualidade que todo coroinha/ acólito – e não somente o cerimoniário – deve possuir. Sem ela você nunca conseguirá desempenhar satisfatoriamente sua função.
antecipação, característica do cerimoniário, se dá quando ele (a) se adianta a uma situação, ajudando para aprimorar alguma coisa ou impedindo que algo de ruim ou errado aconteça. Por exemplo: durante a missa haverá um batizado. Então você notou que o padre esqueceu o livrinho – sacramentário. Cabe a você, como cerimoniário, ir a procura deste e livro e estar com ele quando o celebrante precisar ou discretamente e em momento oportuno, entregá-lo ou colocá-lo próximo ao missal. Isto é antecipar-se!
Se você não se antecipar a situações como estas o que poderá acontecer?
* O Padre irá lhe pedir o sacramentário. No entanto, seria ótimo para você e para o seu grupo que, antes do padre pedi-lo, você já esteja com ele pronto para ser entregue.
* Ou chegará o momento de o batizado começar mas o padre esqueceu o livrinho e você não notou sua falta ou não foi buscar a tempo. Ficará, então, uma lacuna na celebração até que o sacramentário seja entregue ao celebrante.
Note que acima, falei outra característica  essencial de um bom cerimoniário: a atenção. Aliada aobservação, a atenção nos permite estarmos sempre alerta, ou seja, atentos e  prontos para qualquer ocasião que necessite da nossa intervenção.
Mas estas qualidades emanam do principal dom que um cerimoniário deve ter: o profundo conhecimento da Liturgia Conhecer o tipo de celebração, os momentos próprios da celebração que você estará escalado, saber o que acontecerá de diferente, enfim, estar consciente de toda a celebração que você ajudará a conduzir, são primordiais a esta função.
Lembrando… O que fazer para ser um bom cerimoniário?
* conhecer profundamente a liturgia e o tipo de celebração que você irá desempenhar a função. Chegue cerca de 30 minutos antes de seu início e converse com o celebrante a respeito dela.
* Esteja sempre atento a tudo que o rodeia: preste bastante atenção ao celebrante, pois a qualquer momento ele pode precisar de sua ajuda e lhe chamar.
* Antecipe-se a qualquer situação/ ocorrência.
* Seja discreto. Aprendi e costumo dizer que “se uma missa for filmada, o cerimoniário é o único que não aparece, tamanha a sua discrição.
* Estude, atualiza-se, leia bastante.
Uma dica ao seu Grupo:
Mesmo tendo cerimoniário, é costume de alguns celebrantes não recorrerem a ele, e sim ao coroinha mais próximo, com o intuito de ser atendido mais rapidamente. Converse antes com seu pároco e com os coroinhas do seu grupo para habituarem-se a fazer uso, nessas horas, somente do cerimoniário.
Mas atenção! O padre chama outro coroinha porque, algumas vezes, o cerimoniário não está lhe dando a devida atenção.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

"Eucaristia Mastigada".


"Desde criança, eu aprendi que não devemos mastigar a hóstia consagrada porque estaríamos 'machucando' o corpo de Jesus. Cresci com essa impressão e hoje, aos 42 anos, ainda espero a hóstia se dissolver na boca. Mas eu já vi gente que mastiga a hóstia e a engole rápido. Como devemos proceder?" (Maria Sebastiana Antunes - Águas Lindas, Ananindeua).


Para responder à pergunta precisamos de uma breve reflexão teológica sobre a Eucaristia. A Eucaristia perpetua o sacrifício da cruz, renovando-o pela ação sacerdotal de Cristo na sua Igreja, realizando assim, de maneira contínua, a obra da redenção.

"A missa não é só um banquete, nem é celebração de um memorial do sacrifício que foi oferecido em tempos passados, mas a missa mesma é um verdadeiro sacrifício, que tem valor expiatório e deprecatório. Isto significa: é oferecido em remissão dos nossos pecados e para implorar graças a Deus" (Concílio de Trento, sessão XXII, século XVI).

"Na última Ceia, Nosso Senhor instituiu o sacrifício eucarístico de seu Corpo e seu Sangue; por este sacrifício ele perpetua (põe presente pelos séculos afora) o sacrifício da Cruz".(cf. Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, Sacrossanctum Concilium, n. 47). Os textos indicam que a presença de Cristo no pão e no vinho é real e substancial. Isto é, o pão e o vinho deixam de ser pão e vinho e passam a ser Corpo e Sangue de Cristo. O pão e o vinho mudam de substância. Daí vem a palavra inventada por São Tomás de Aquino, no século XIII: Transubstanciação (Trans = passagem de uma coisa a outra; mudança. Substância = é aquilo que faz com que a coisa seja o que ela é e não outra, é aquilo que está bem firme por trás das aparências.

A Eucaristia é, para nós, o pão da vida, mas não um pão comum. Segundo Santo Agostinho, Cristo nos diz, na realidade do pão eucarístico: "Não sou eu que me transformo em ti, como os outros alimentos. Ao contrário: tu é que te transformas em mim". De fato, pela Eucaristia, o comungante se torna cristificado.

Creio ser necessário por isso esclarecer sobre a importância da escolha, por Cristo, das espécies do pão e do vinho, para a sua representação visível. Aqui podemos falar da dimensão cósmica e universal desses elementos, pois eles representam os frutos da terra e do trabalho humano, como diz a liturgia. Também devemos enfatizar aqui como que o esvaziamento de tais elementos da natureza, pois eles deixam de ser pão e vinho, mantendo apenas os acidentes, para serem de fato o Corpo e o Sangue de Cristo, realidade não compreensível pela razão humana, mas tão-somente pela fé. Na transubstanciação do pão e do vinho, isto é, na sua mudança de natureza e de substância (Dimensão Divina) podemos, contemplar, o "esvaziamento" desta condição divina, assumindo a condição de servo (kenosis) (Fl 2,6-8). Aqui vemos uma elevação das coisas criadas, ao mesmo tempo que contemplamos a humildade divina, por amor dos homens (Is 53,1-12; Ef 4,9), um mistério impenetrável para o entendimento racional.

Vejam que maravilha (não totalmente participada pela assembleia porque o celebrante diz em voz baixa): "Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade de vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade". Poderíamos ainda dizer que, assim como os dons do trigo e da uva desaparecem, mantendo apenas o sabor, para que Cristo opere, através deles, a obra salvífica do Pai, assim também o cristão deveria ser um forte sinal da redenção e dizer com São Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim" (cf. Gl 2,20a.).

Pão macerado, uva pisada... Corpo entregue ao sacrifício... o Cordeiro vertendo seu sangue para a salvação de todos: são belos sinais do sacrifício de Jesus, não é verdade? Sinais sacramentais, bem entendido.

A realidade sacramental da Eucaristia encontra-se em Jo 6,35 ("Eu sou o pão da vida"), a primeira autoproclamação de Cristo, que, depois, vai ser desenvolvida por São Paulo, pastoral e teologicamente, em suas cartas (1Cor 10,16-17; 11,23-26pp). Também a última autoproclamação ("Eu sou a videira..."), de Jo 15,1, está em ligação profunda com a primeira. Além de: "Tomai, comei, isto é meu Corpo...". "Tomai, bebei... este é o cálice do meu sangue..." (Evangelhos sinóticos)

Portanto, discutir se mastigar ou dissolver a hóstia consagrada, não é a coisa mais importante, às vezes, empobrece o mais profundo sentido da Eucaristia. Além do mais, apenas considerar essa questão é desconhecer que a hóstia (espécie) se desfaz no organismo, que ela pode mofar no sacrário ou se sujar quando cai no chão... Não obstante, a essência do sacramento permanece. Ou ainda: o pão e o vinho (assim como a água que depois do Batismo vai para o esgoto, ou os Santos Óleos secam ou são lavados) cumprem a sua grande e bela missão como o próprio Cristo: deixam-se consumir, desaparecer para que a grandeza do mistério se manifeste. O ideal, evidentemente, é colocar a hóstia na boca e consumi-la imediatamente, com respeito e veneração e viver com autenticidade e vida cristã porque somos "morada do mistério divino".

Se ela toca nos dentes ou é mastigada, nada disso interfere na essencialidade do que ela representa ou do que ele é para a alma, para a vida.

Já ia esquecendo: o mais grave de tudo isso, o que mais "danifica" o dom eucarístico é o pecado, a falta da graça, da santidade.

(Cf. os delitos graves contra a Eucaristia - Código de Direito Canônico - CDC - Can. 1367 e explicações - Para aprofundar sobre a Eucaristia: Ler Catecismo da Igreja Católica - CIC - dos números 1322 a 1418).

P.P. Bento XVI ministrando a comunhão

Comungar de joelhos ou em pé? Na mão ou na boca?

Em entrevista concedida à agência ACI Prensa, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, Cardeal Antonio Cañizares Llovera, assinalou que é recomendável que os católicos comunguem na boca e de joelhos.

Cardeal Antonio Cañizares Llovera
Assim indicou o Cardeal espanhol que serve na Santa Sé como máximo responsável, depois do Papa, pela liturgia e os sacramentos na Igreja Católica, ao responder se considerava recomendável que os fiéis comunguem ou não na mão.

A resposta do Cardeal foi breve e singela: "é recomendável que os fiéis comunguem na boca e de joelhos".

Do mesmo modo, ao responder à pergunta da ACI Prensa sobre o costume promovido pelo Papa Bento XVI de fazer que os fiéis que recebam dele a Eucaristia o façam na boca e de joelhos, o Cardeal Cañizares disse que isso se deve "ao sentido que deve ter a comunhão, que é de adoração, de reconhecimento de Deus".

"Trata-se simplesmente de saber que estamos diante de Deus mesmo e que Ele veio a nós e que nós não o merecemos", afirmou.

O Cardeal disse também que comungar desta forma "é o sinal de adoração que necessitamos recuperar. Eu acredito que seja necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos".

"De fato –acrescentou– se, se comunga de pé, é preciso fazer genuflexão, ou fazer uma inclinação profunda, coisa que não se faz".

O Prefeito vaticano disse ademais que "se trivializarmos a comunhão, trivializamos tudo, e não podemos perder um momento tão importante como é o de comungar, como é o de reconhecer a presença real de Cristo ali presente, do Deus que é amor dos amores como cantamos em uma canção espanhola".

Ao ser consultado pela ACI Prensa sobre os abusos litúrgicos em que incorrem alguns atualmente, o Cardeal disse que é necessário "corrigi-los, sobre tudo mediante uma boa formação: formação dos seminaristas, formação dos sacerdotes, formação dos catequistas, formação de todos os fiéis cristãos".

Esta formação, explicou, deve fazer que "celebre-se bem, para que se celebre conforme às exigências e dignidade da celebração, conforme às normas da Igreja, que é a única maneira que temos de celebrar autenticamente a Eucaristia".

Finalmente o Cardeal Cañizares disse à agência ACI Prensa que nesta tarefa de formação para celebrar bem a liturgia e corrigir os abusos, "os bispos têm uma responsabilidade muito particular, e não podemos deixar de cumpri-la, porque tudo o que façamos para que a Eucaristia se celebre bem será fazer que na Eucaristia se participe bem".

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um padre de batina sempre é um destaque no meio da multidão, além, de claro, ser muito elegante. As batinas foram deixadas um pouco de lado, a Igreja deixa que os próprios Padres (com algumas poucas exceções) decidam se querem usa-las ou não. Muitos Padres a usam com orgulho, outros preferem não usa-las, a não ser na hora da missa e circunstâncias do culto divino. Sem sombra de dúvidas usar uma batina no meio do povo além de despertar uma certa curiosidade nas pessoas, desperta também um impulso de fé, há quem diga que o uso da batina é um ato de fé, ou talvez mais que isso: um ato de levar por meio de vestes a fé aos outros.
 De qualquer forma é muito possível que se note a elegância do uso de tais roupas do clero.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mariama - Dom Helder


"Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens!
Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra.
Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de viver.
Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não fique em aplauso.
Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem.
Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão. É Evangelho de Cristo, Mariama.
Claro que seremos intolerados.
Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grande problemas humanos.
Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões.
Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas. O mundo precisa fabricar é Paz.
Basta de injustiça!
Basta de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar.
Basta de alguns tendo que vomitar para comer mais e 50 milhões morrendo de fome num só ano.
Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia.
Mariama, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e o pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico.
Nada de escravo de hoje ser senhor de escravo de amanhã. Basta de escravos. Um mundo sem senhor e sem escravos. Um mundo de irmãos.
De irmãos não só de nome e de mentira. De irmãos de verdade, Mariama".


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Agosto - "Mês Vocacional"


O mês de agosto ficou consagrado como “Mês Vocacional” em 1981 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, na sua 19ª Assembléia Geral. Em 1983, reforçando esta caminhada, foi celebrado em todo o Brasil um Ano Vocacional. O objetivo principal foi o de instituir um tempo, o mês de agosto, voltado prioritariamente para a reflexão e a oração pelas vocações e ministérios. Este ano de 2011 o tema proposto para nossa reflexão é: “Anunciar a Palavra que gera Vida”.
A atenção às vocações constitui para cada diocese uma das prioridades pastorais.
Com abundância e gratuidade, o Senhor lança a semente da Palavra de Deus, mesmo consciente de que ela poderá encontrar um terreno inadequado, que não lhe permitirá amadurecer por causa da aridez, ou que apagará a sua força vital, sufocando-a no meio dos arbustos espinhosos. No entanto, o semeador não desanima, porque sabe que uma parte desta semente está destinada a encontrar o “terreno bom”, ou seja, corações ardentes e capazes de acolher a Palavra com disponibilidade, para fazê-la amadurecer na perseverança e para lhe oferecer de novo o seu fruto com generosidade, em benefício de muitos. Eis o sentido de toda vocação!
A imagem do terreno pode evocar a realidade das famílias; um ambiente às vezes árido e árduo do trabalho vocacional; os dias do sofrimento e das lágrimas. A terra é principalmente o coração de cada homem, de modo particular dos jovens, aos quais o serviço de animação vocacional dirigi um trabalho de escuta e de acompanhamento: um coração muitas vezes perturbado e desorientado, e, no entanto capaz de conter em si uma grande vontade de doar-se totalmente: dedicando sua vida por amor a Jesus, capaz de segui-lo com a totalidade e a certeza de ter encontrado o maior tesouro da existência. O jovem anseia por algo realizante, e em Cristo está a grandeza e a realização da vocação. Quem semeia no coração do homem é sempre e só o Senhor. Só depois da sementeira abundante e generosa da Palavra de Deus é possível aventurar-se pelas sendas do acompanhamento e da educação, da formação e do discernimento vocacional. Seguir a Cristo é uma grande aventura. Porém, Deus merece esse risco e o jovem deve desejar aventurar-se neste seguimento.
Existe outra palavra de Jesus, que utiliza a imagem da semente, e que se pode comparar com a parábola do semeador: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, permanece ele só; mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12, 24). Aqui o Senhor insiste sobre a correlação entre a morte da semente e o “muito fruto” que ela há de produzir. O grão de trigo é Ele, Jesus. O fruto é a “vida em abundância” (Jo 10, 10), que Ele nos adquiriu mediante a sua Cruz. Esta é também a lógica e a verdadeira fecundidade de toda a pastoral vocacional na Igreja: como Cristo, o sacerdote e o animador devem ser um “grão de trigo”, que renuncia a si mesmo para cumprir a vontade do Pai; que sabe viver escondido do clamor e do rumor; que renuncia à busca desta visibilidade e grandeza de imagem que hoje em dia, com freqüência, se tornam critérios e até objetivos de vida em muitas partes da nossa cultura, fascinando muitos jovens.
Esta renúncia deve ser antes de tudo uma realização que seja testemunho para que outros desejem viver o mesmo ideal, pois “o testemunho suscita vocações”.
Conquistado por Cristo, São Paulo foi um suscitador e um formador de vocações, como se vê muito bem nas saudações das suas cartas, onde são citadas dezenas de nomes próprios, ou seja, rostos de homens e de mulheres que colaboraram com ele no serviço do Evangelho.
Possa nossa diocese descobrir o valor e a alegria em doar-se a cada dia com liberdade na vocação para a qual fomos chamados. E que nossa vida suscite muitas e generosas vocações para a Igreja de Cristo.
Que o Senhor da messe e Pastor do rebanho nos ilumine neste mês tão especial para nossa Igreja!

sábado, 4 de agosto de 2012

Hoje é o Dia Do Padre

No dia 4 de agosto, recordamos São João Maria Vianney, o Cura d'Ars, patrono de todos os vigários. Sua biografia nos apresenta um homem rude, que não acompanhava intelectualmente as aulas de Latim, Filosofia e Teologia, mas dotado de grande piedade e intimidade com Deus, além de viver desde cedo sua vocação ao sacerdócio. Auxiliado por um amigo, conseguiu concluir os estudos necessários para ser ordenado. Foi encaminhado a ser pároco de uma pequena aldeia chamada Ars, na França, na qual o povo era muito envolvido com os vícios e as blasfêmias. Dedicou-se à salvação daquele povo (e também das redondezas da aldeia), principalmente, por meio do sacramento da reconciliação, consumindo-se por eles ao longo da vida (diz-se que chegou a permanecer cerca de 18 horas dentro de um confessionário, alimentando-se de pão). É um grande exemplo de santidade, dedicação e perseverança na construção do Reino de Deus.

São João Maria Vianney, rogai por nós !

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Carta de Dom Henrique Soares da Costa, Bispo auxiliar de Aracaju, sobre o declínio no número de fiéis da Igreja Católica


Recente estudo, apresentado na PUC de São Paulo, dá conta que a cada ano, no Brasil, a Igreja católica perde 1% de seus fiéis. Há gente muitíssimo preocupada com isso. É bom mesmo! Gostaria de partilhar com você, caro Visitante, alguns pensamentos sobre esta realidade.
(1) É necessário, antes de tudo, compreender que parte deste fenômeno é típico de nossa época e, neste sentido, não podemos fazer nada para detê-lo. Pela primeira vez na história humana a população mundial é preponderantemente urbana, vivendo num intenso processo de massificação, desenraizamento cultural e despersonalização e pressionada por uma gama desumanizante de informação. Os meios de comunicação, com sua incrível força de penetração, e o excesso de ideias em circulação desestabilizam os valores das pessoas e das sociedades de modo nunca antes imaginado. Esse fenômeno faz com que se perca o sentido e o valor da tradição. Não faz muito tempo, cada pessoa era situada em relação à sua família à sua comunidade. O indivíduo sabia quem era, de onde vinha, quais seus valores, qual seu universo existencial... Agora, isso acabou: cada um se sente só, numa corrida louca para ser feliz a qualquer custo, iludido, pensando que os valores dos antepassados e do seu grupo só são valores se interessarem a si próprio, individualmente: é verdade o que é verdade para mim; é bom o que realiza meus desejos e expectativas; cada um é a medida do bem e do mal. É triste, mas cada pessoa acha que tem o direito e o dever de começar do zero e "redescobrir a roda", de fabricar sua receita de felicidade, determinando de modo autônomo o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que não é. Isto é pura loucura, mas é assim! E lá vamos nós, gritando: "Eu tenho o direito de ser feliz; a vida é minha e faço como eu quero. Eu decido o que é certo e o que é errado..."
(2) No tocante à religião, o homem da sociedade consumista e hedonista do Ocidente não está à procura da verdade, mas sim do bem-estar. A sociedade ocidental já não crê que se possa atingir a Verdade e viver na Verdade. Agora há somente a verdadezinha de cada um, feita sob medida: é "verdade para mim" o que me faz sentir bem, o que resolve minhas necessidades imediatas. Religião não é mais questão de aderir à Verdade que dá sentido à existência, mas sim de entrar num grupo que resolva meus problemas afetivos, emocionais, de saúde e até materiais... Religião não é um modo de servir a Deus e nele me encontrar, mas um modo de me servir de Deus para resolver minhas coisas... Como diz o Edir Macedo, a Bíblia é uma ferramenta para se conseguir aquilo que se quer! Vivam RR Soares, Edir Macedo e companhia...
(3) A urbanização violenta e massificante faz com que as pessoas busquem refúgio em pequenos grupos que lhes proporcionem aconchego e segurança. Por isso as seitas atraem tanto: elas criam um diferencial entre mim e o mundo cão; dão-me a sensação de estar livre do monstro da desumanização, do anonimato, da nadificação...
Veja bem, meu Leitor, que contra esta realidade a Igreja não pode fazer muito. A multidão continuará presa das ideias desvairadas dos meios de comunicação; a busca do bem-estar egoístico continuará fazendo as pessoas buscarem a religião como um refúgio e um pronto socorro e, finalmente, a busca de se sentir alguém, fará as pessoas procurarem pequenos grupos nos quais se sintam acolhidas e valorizadas.
A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance - II
Mas, por que este fenômeno atinge sobretudo os católicos? Por vários motivos:
a) Somos a massa da população brasileira e não temos como dar assistência pastoral personalizada a todos os fiéis. Isso seria praticamente impossível, mesmo que tivéssemos o triplo do número de padres e agentes de pastoral...
b) Historicamente, nossa catequese deixou muito a desejar e nas últimas décadas piorou muito: é uma catequese de ideias vagas, mais ideológica que propositiva, ambígua, que não tem coragem de apresentar a fé com todas as letras... Ao invés, apresenta a opinião desse ou daquele teólogo... Assim, troca-se a clareza e simplicidade da fé católica (como o Catecismo a apresenta) por complicadas e inseguras explicações, fazendo a fé parecer uma questão de opinião e não uma certeza que vem de Deus; algo acessível a especialistas letrados e não aos simples mortais. Céu, inferno, anjos, diabo, purgatório, valor da missa, doutrina moral – cada padre diz uma coisa, cada um acha que pode construir sua verdade... Tudo tende a ser relativizado... Uma religião assim não segura ninguém e não atrai ninguém. Religião é lugar de experimentar a certeza que vem de Deus, não as dúvicas e vacilações dos tateamentos das opiniões humanas. É preciso que as opiniões cedam lugar à certeza da fé da Igreja!
c) No Brasil há, desde os anos setenta, uma verdadeira anarquia litúrgica, ferindo de morte o núcleo da fé da Igreja. Bagunçou-se de tal modo a liturgia, inventou-se tanta moda, fez-se tanta arbitrariedade, que as pessoas saem da missa mais vazias que o que entraram. A missa virou o show do padre ou o show "criativo e maravilhoso" da comunidade. A missa tornou-se autocelebração... Mas, as pessoas não querem show, criatividade nem bom-mocismo: as pessoas querem encontrar Deus nos ritos sagrados! Hoje, infelizmente,
celebra-se com mais respeito e seriedade um culto protestante ou um toque da umbanda que uma missa católica! No culto não se inventa, na umbanda não se inventa; na liturgia da Igreja do Brasil, o clero se sente no direito absurdo de inventar! Isso é um gravíssimo abuso e uma tirania sobre a fé do povo de Deus! É muita invenção, é muita criatividade fajuta. Bastaria abrir o missal e celebrar com devoção e unção, cumprindo as normas litúrgicas...
d) A Igreja no Brasil, em nome de uma preocupação com o social (que em si é necessária e legítima) descuidou-se dos valores propriamente religiosos e muitas vezes fez pouco da religiosidade popular (quantas vezes se negou uma bênção, uma oração de cura, a administração de um sacramento, uma procissão com a presença do padre, o valor de uma novena e de uma romaria...). Ora, hoje o “mercado” de religião é diversificado: se o padre não sabe falar de Deus, o pastor sabe; se na homilia não se prega a palavra, mas se a instrumentaliza política e ideologicamente, o pastor prega a palavra; se o padre não dá uma bênção, o pastor dá... Infelizmente, às vezes, tem-se a impressão que a Igreja é uma grande ONG, preocupada com um monte de coisas e não muito atenta a pregar Jesus Cristo e a sua salvação... Não se vê muito nossos padres e freiras apaixonados por Cristo e pelo Evangelho. Fala-se muito em valores do Reino, compromisso cristão, etc... Isso não encanta! Quem encanta, atrai, comove, converte e dá sentido a vida é uma Pessoa: Jesus Cristo!
e) Outra triste realidade é o processo de dessacralização. Parece que o clero e os religiosos perderam o sentido do sagrado. Adeus ao hábito religioso, adeus à batina, adeus ao clergyman, adeus à oração fiel e obediente da Liturgia das Horas, adeus ao terço diário ("para que terço?"), adeus ao ethos, isto é, àquele conjunto de realidades, de modo de ser e de viver que fazia com que o povo reconhecesse o padre como padre, o religioso como religioso, a freira como freira. Parece que se faz questão de transgredir, de chocar, de desnortear a expectativa do povo, de negar a identidade... Hoje tudo é ideologizado: a pobreza é "espiritual" e não real, material, concreta; assim também a obediência, a vida mística, a penitência e a mortificação e, muitas vezes, os votos e compromissos... Tem-se, portanto, uma religião cerebral e não encarnada na carne da vida, da existência concreta material... E nada mais anticristão que um cristianismo cerebral...
f) Nossas comunidades são meio frias; nossos padres não têm muito tempo. Não temos leigos capacitados para uma pastoral da acolhida, que faça com que nossas igrejas estejam abertas e tenham pessoas para ouvir, aconselhar, consolar... Infelizmente, ainda que não queiramos, às vezes a Igreja parece uma grande repartição pública e impessoal... A paróquia somente terá futuro como cadeia de comunidades vivas e aconchegantes, nas quais se façam efetivamente a experiência da proximidade de Deus e dos irmãos...
g) As homilias em nossas missas são chatas e moralizantes: só dizem que devemos ser bonzinhos, justos, honestos... A homilia deveria ser anúncio alegre da Palavra que comunica Jesus e sua salvação, tal como a Igreja sempre creu, celebrou e anunciou. A homilia deve ainda ser fruto de uma experiência de Deus; somente assim reflete um testemunho e não um exercício de propaganda. A fé que devemos anunciar é a fé da Igreja, não nossas teorias e nossas idéias estapafúrdias... Isso desnorteia e destrói a fé do povo de Deus. Por que alguém seria católico se nem os ministros da Igreja acreditam realmente na sua doutrina e na sua moral? Os padres nisso têm uma imensa responsabilidade e uma imensa parcela de culpa!
A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance - III
Sinceramente, penso que o número de católicos diminuirá mais e drasticamente. Mas, não devemos nos assustar. Veja, caro Visitante, e pense:
1. O cristianismo nunca deveria ser uma religião de massa. A fé cristã deve nascer de um encontro pessoal e envolvente com Cristo Jesus. Somente aí é que eu posso abraçar o ser cristão com todas as suas exigências de fee de moral. Nós estamos vendo o fim do cristianismo de massa, que começou com o Edito de Milão, em 313, e com o batismo de Clóvis, rei dos francos, e de todo o seu povo, em 496, na Alta Idade Média. No Brasil, esse cristianismo de massa começou com a colonização e o sistema do padroado. Aí, ser brasileiro e ser católico eram a mesma coisa. Ora, será que no cristianismo pode mesmo haver conversão de massa?
2. A Igreja voltará a ser um pequeno rebanho, presente em todo o mundo, mas com cristãos de tal modo comprometidos com o Evangelho, de tal modo empolgados com Cristo, de tal modo formando comunidades de vida, oração, fé e amor fraterno, que serão um sinal, uma luz, uma opção de vida para todos os povos da terra. Era isso que os Padres da Igreja desejavam: não que todos fossem cristãos a qualquer custo, mas que os cristãos fossem, a qualquer custo, cristãos de verdade, sal da terra e luz do mundo, entusiasmados por Cristo e por sua Igreja católica.
3. O fato de sermos minoria e mais coerentes com o Evangelho, nos fará diferentes do mundo e redescobriremos a novidade e singularidade do ser cristão. Isso nos fará atraentes para aqueles que buscam com sinceridade a Luz e a Verdade. Por isso mesmo, a Igreja não deve cair em falsas soluções de um cristianismo frouxo e agradável ao mundo, de uma moral ao sabor da moda, de um ecumenismo compreendido de modo torto e de um diálogo interreligioso que coloque Cristo no mesmo nível das outras tradições religiosas. Ecumenismo e diálogo religioso sim, mas de acordo com a fé católica! O remédio para a crise atual e o único verdadeiro futuro da Igreja é a fidelidade total e radical a Cristo, expressa na adesão total à fé católica.
4. É imprescindível também melhorar e muito a formação dos nossos padres e religiosos. Como está, está ruim. Precisamos de padres com modos de padres e religiosos com modos de religiosos; precisamos de padres e religiosos bem formados humana, afetiva, teológica e moralmente. O padre e o religioso são pessoas públicas e devem honrar a imagem da Igreja e o nome de cristãos; devem saber portar-se ante o mundo, as autoridades e a sociedade. Nisso tem havido grave deficiência no clero e nos religiosos do Brasil...
É importante perceber que, apesar de diminuir o número de católicos, nunca as comunidades católicas foram tão vivas, nunca os leigos participaram tanto, nunca se sentiram tão Igreja, nunca houve tantas vocações. Muitas vezes, os leigos são até mais fervorosos e radicais (no bom sentido) que padres e religiosos. A Igreja está viva, a Igreja é jovem, a Igreja continua encantada por Cristo! O clero e os religiosos deveriam deixar de lado as ideologias, as teorias pouco cristãs e nada católicas defendidas em tantos cursos de teologia e livros muito doutos e pouco fiéis, e serem mais atentos ao clamor do povo de Deus e aos sinais dos tempos – sinais de verdade, que estão aí para quem quiser ver, e não os inventados por uma teologia ideologizada de esquerda! Além disso, é necessário considerar que a Igreja não é nossa: é de Cristo. Ele a está conduzindo, está purificando-a, está levando-a onde ele sabe ser o melhor para que seu testemunho seja mais límpido, coerente e puro. Nós temos os nossos caminhos, Deus tem os dele; temos os nossos planos e modos que, nem sempre, coincidem com os do Senhor. Pois bem, façamos a nossa parte. Deus fará o resto!
Isso é o que eu penso, sinceramente, e com todo o meu coração.

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo auxiliar de Aracaju